Muitos clientes têm nos procurado para opinarmos sobre as novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos. A maioria demonstra preocupação com o impacto em suas exportações para o mercado americano, e alguns até solicitam simulações dos novos custos de entrada de seus produtos nos EUA. 

Infelizmente, essa ainda é uma pergunta sem resposta concreta. Até o momento, só há especulações, pois as informações divulgadas são limitadas: existe uma meta de tarifação, mas as fórmulas de cálculo, as sobreposições de alíquotas e as exceções setoriais não foram claramente definidas. Diante disso, o governo brasileiro adotou uma medida importante: questionará, produto por produto, o tratamento sob as novas regras antes de tomar qualquer ação. 

Quanto às previsões veiculadas pela imprensa, em nossa avaliação, são meras especulações, muitas vezes feitas por quem desconhece a dinâmica do comércio internacional e mal compreende as análises de especialistas da área. Portanto, não devem servir de base para decisões empresariais. A título de ilustração, um cliente nos perguntou se deveria oferecer imediatamente 10% de desconto em seus produtos, equivalente ao aumento tarifário anunciado contra o Brasil. A resposta foi simples e direta: não! 

Alguns especialistas têm manifestado uma visão mais sensata: é pouco provável que a maior parte do anunciado vigore a longo prazo. As razões incluem pressões internas de consumidores e empresas americanas, contrapropostas de negociação dos países afetados e até a possível revisão pelo próprio governo dos EUA, que pode reconhecer equívocos em algumas tarifas. 

Mesmo na hipótese remota de todas as medidas serem implementadas, não há motivo para pânico. Cada produto e setor deve ser analisado com cautela, especialmente no caso dos exportadores brasileiros, que podem até se beneficiar. Isso porque os principais concorrentes do Brasil no mercado americano foram taxados de forma ainda mais severa. Assim, mesmo com o adicional de 10%, muitos produtos nacionais podem manter ou até ampliar sua competitividade. 

Quanto aos importadores, mesmo no pior cenário, alguns produtos podem ficar disponíveis em maior quantidade no mercado devido à redução das exportações para os EUA, o que pode gerar quedas de preço e oportunidades comerciais interessantes. 

Em resumo, diante das incertezas, a recomendação é clara: cautela, busca por informações confiáveis e evitar decisões precipitadas. O momento exige análise cuidadosa, não reações impulsivas. 

Douglas Brito